sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Coração de Corda


Canta na negrura das horas que envolvem o véu do sonhar,
Como cordas de violino que deslizassem sob os meus dedos,
Compondo sinfonias de dolorida lamentação.
Canta, negro coração, na melodia da eternidade,
Do tempo que quase parece consumir os teus sentidos
No debater sangrado de um pulsar de debilidades
Encarceradas no místico silêncio dos tempos mortos
Do quase divino clamor no contraponto da tua composição.

Canta, como se a suave pressão dos dedos
Estrangulasse as cordas da tua respiração,
E sussurra ao início dos tempos o eco da tua melodia
Aprisionada em sepulcro de gemidos sufocados,
Mas divinizada em sacrário de infinita exaltação.

Canta, coração de corda, destruído e esfrangalhado.
A tua memória não morrerá em vão.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

And her name was... Carla



Sacaraficam-se as almas,
Peregrinam-se em tempos distantes,
Deixam-se fugir momentos importantes ou perdemo-los de propósito.
Amestra das palavras,
Canta as trovas de maiores conformidades com as regras,
E se nos definimos pela nossa imoderação?
Explicamos todos os mitos ou as quadraturas do círculo?
És como Hecate de três faces distintas,
Os segredos e os esconderijos descobertos,
Mitemas
Apoteose,
Encantadores efeitos de luz ,
A fórmula de Deus,
Um críptido coração,
Teurgia nas mãos,
És bailarina em Atlantis,
Um oitavo dia de criação,
Uma maior advinda,
Demiurgo de aperfeiçoadas magias.
Oh beautiful selkie, you try so hard to be human!

Choros perdidos,
Deserção da fé,
Precisamos apenas de estudar o universo como um todo
Spiritum mediums,
Infieis pregadores…

And her name was Carla,
Sincrética
Pequena hóstia sem deus,
Teus olhos agarram pela amarra, aproando ao vento e à maré,
Teus cabelos são catadupas de negro,
Falas em melopeias.

Procuramos todos El Dourado.

Não temos exegese para certas leis.
Sublimidade de beleza,
Brincamos em cidades fantasma
Enquanto o piano soa baixinho.
Somos os germes de Elohim,
Caminhando sobre gelo quebradiço.

And her moves, her look
She is the cleansing and the catharsis.
Camaleónica folha que dança ao sabor do vento.


Templates by Morgana 13 Luas Anthropia -the altar of trust

Pandæmonium



De quem são as impressões digitais na minh’alma?
Quem é que cerra o açamo?
De quem são os reversos da luz?
E de quem são os reversos da sombra?

Vamos tauxiar o coração a ferro ou fazer de conta que ele é um cubo de Rubik que não encaixa nas cores certas?
Pinta a branco preto,
Brinca à não-pessoa,
Falamos na linguagem dos decibéis,
Copiamo-nos um ao outro,
Medimo-nos às candelas
Vamos ser antes a cópia 0.
Os halos,
Os fantasmas,
A emenda.
O espelho dicróico que vai nos confunde as cores,
A árvore cem-raízes ,
A legenda,
O água-pé de um qualquer godo,
As marcas de inversão,
Aquele permanente ruído de fundo,
Um espectro ultravioleta,
Um denunciador.

Vamos juntar todos os axiomas e quebra-cabeças,
Todos os mandamentos e sacrilégios,
Perceberemos qual a sua madre?

Conseguiremos criar uma rosa sem espinhos?

Fechamo-nos em casulos de ouro fingido ou alvéolos amarelos e brilhantes?
Deixamos o destino ao acaso ou seguimo-lo pelo lado errado?
Polarizamos a ânsia ou o tédio?
Voamos até ao Monte Gargano,
Ou ao Tártaro?
Vamos fazer uma inversão na existência,
Seguir umas quaisquer luzes nortenhas,
Cria de semente e Fénix,
Evaporar para pertencer ao mundo inteiro,
Simular uma melhor realidade,
Infantilizar de novo,
Criar um caminho de asas e elevá-lo aos sete céus.
Vamos tresmalhar, dispersar…
Morrer em amadorismo,
Estudar novamente a mateologia,
Assistir a uma qualquer lesa-majestade,
Uma Sedição de anjos,
Vamos tergiversar ,
Vitralizar todas as paixões,
Dar espadas a homens de gengibre,
Escalavrar mais buracos no vazio,
Fazer da ideia uma intenção,
Decimar as amizades.
Vamos ser gestantes,
Inversores,
Pontos sem retorno…

Vamos abjurar os erros
E exigir a ablução
Viver no momento, no instante.
Colar as memórias todas num grande caixilho,
Relevar as mais importantes.
Viver em xamanismo,
O que é adquirido facilmente perde-se facilmente.

Estorninhos sem rumo,
Voando em mil e uma direcções.
Manás em forma de chuva
Que nos desembaraçam as almas.

Agnosia,
Gentios,
Qual é a proposição indiscutível?
Falar em icto,
Somos todos feitos de mentes espasmódicas…

Periga de propósito,
Faz do tempo maior lucro.
listenning to: Goblin's Dance- Ensiferum

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Luna Crescens



Qual apócrifa sabedoria,
Se me sinto a olhar para infinitas paredes em casas d’água?
Qual boneca de retalhos,
Se entra ela e eu apenas nos separa um espelho?
Qual acústica,
Se no peito, o coração brinca ao contorcionismo?
Qual sincretismo,
Se os amantes e os tolos andam de mãos dadas?
Qual trilho,
Se os caminhos se baralham em críptidos futuros e as difonias de violinos quebrantados
Nos guiam até ao nono círculo do inferno?

Como justificar os meios de Deus ao Homem
Se a leste do Éden tudo fica menos puído e iníquo?
Como oferecer os nomes,
Se ao final de contas, estamos todos nus e não nos envergonhamos?
Como saber qual a meta
Se o nosso titeriteiro continua a entrelaçar os fios?

Que ária cantar,
Se parecemos todos manequins sem boca a olhar o mundo por bolas de sabão?

Como quebrar o inquebrável?

Quantas delas fogem
Encasuladas de doze mil asas de ouro,
Loucas pois, achando que de tanto mentir se hão-de tornar verdade
Todos os disparates de criança.
Tolas! Fugiam apenas com cavalinhos-de-pau,
Achando de si,
Capazes de colher todos os sigillum mágicos!
Capazes de seánces,
Piromancia,
Alomancia,
De dançar com dragões!
Tolas! Que diziam ver o infinito absoluto,
De serem capazes de metempsicoses,
De se transfigurarem em anjos,
De necromancia,
De taumaturgias
Loucas… Pois só Cybele foi mãe de deuses.

Qual corpo,
Qual augúrio,
Qual hermética,
Qual semente,
Qual advinda,
Qual casamento?
Se nos sentamos em tronos de ouro fingido
Ludibriados pela divina comédia
De que na vida não são os passos que contam,
Mas as pegadas impressas…

Qual liturgia,
Se constantemente nos chamam sacrílegos?
Qual rosa,
Se todos os dias despoetizamos tudo o que está á nossa volta?

Existirão mesmo monstros no sótão?
O que está dentro do caleidoscópio?

Girará tudo para o mesmo lado?

Quantos dentes-de-leão cabriolam ao vento?
Quantos sonhos,
Quantas ilusões,
Quantos decibéis perdidos?

Spiritus asper,
Spiritus lenis,
Finjo que sou um eu-lobo,
Galvanizo,
Pintas-me a Sépia.

Heteronímia de mim própria…

Quão forte é essa chama da espada fulgurante
E quão fortes são esses querubins
Se tentamos tão arduamente chegar ao Éden e não conseguimos?

Colchetes
Vendem-nos uma mão-cheia de religiões.
Afinal quem é o alfa e o ómega?

“Tu és pó e ao pó retornarás”.

Onde estão as fotografias?
Quantas identidades?
Onde está o elixir da vida?
Quantos reversos na moeda?
Onde está o encantador de serpentes?
Quantas rodas-vivas na alma?

Esquecer os segredos dos obsoletos livros,
Os olhares imbuídos de um apaixonado,
Esquecer o ciciar do vento,
As borboletas de índigo a voar em compassos lentos,
Esquecer o fado nas ondas,
O ceptro e a coroa,
A escadaria e a ampulheta,
Esquecer o abraço e o sorriso,
Esquecer os olhos… Para quê?
Quantas vezes se tenta esquecer,
Se puxa a corda ao velho coração
E nos apercebemos abruptamente que o mundo é tempo, mito e lembrança?

Pois que se teçam melhor os céus,
Que se contem melhor as estrelas,
Que as gárgulas se desempedernem,
Que as fotografias se expurguem,
Que a primeira juventude volte,
Que haja uma pele nova,
Que a sombra não seja sempre tão repetida,
Que as valquírias escolham melhor,
Que a terra seja quadrada só para experimentar,
Que a árvore do conhecimento do bem e do mal
Deixe de ser demasiado frondosa num dos lados,
Que os hinos sejam de ressurreição,
Que o paraíso não pareça tão ígneo,
Que o caronte não seja tão custoso,
Que as lágrimas parem de ser lameliformes,
Que nos descicatrizem o corpo,
E que a hipnose em que vivemos pare
E deixemos de ser tão parecidos à bela adormecida
Esperando o eterno beijo prometido,
Que se desembaracem as teias dos olhos,
Que as oceânides cantem mais alto,
Que a lua argêntea se dissemine em todo o oceano,
Que larvejem de novo os desejos que tivemos em criança,
Que se petele de novo o lótus branco,
Que se ase de novo a grande Fénix,
Que se vista de novo o vestido noire.

Oh Nephilim de asas de cera,
Pulmão sem ar,
Dependência,
Placebo,
Iridiscência.
Como narciso e eu somos tão parecidos,
Sedento karma,
Perverso e irreligioso…
Fausto não foi o único a vender a alma por conhecimento.


Quantas delas fogem
Encasuladas de doze mil asas de ouro,
Essas loucas ambições minhas…

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