sábado, 13 de dezembro de 2008

o EsCoNdE eScOnDe



Imaginei uma melhor metempsicose de mim,
Juntei-lhe mil e um espelhos de revérberos mais sombrios.
Há jogos, no voltarete, com cartas esfarrapadas,
Há olhos enleados,
Faúlhas de inferno a lamber os cabelos,
Caruma seca,
Fotões em namoro,
Mercas das próprias almas…
Há deuses sem persuadidos,
Anjos desasados e desnorteados,
Corpos inenes que querem amar,
Imaculados segredos devorados sem motivo.
Há mundos de nada,
Borboletas sem memórias,
Apenas rumando sem saber para onde, nem porquê.
No fundo somos todos a unção dos enfermos,
Almejando o toque das Ave-Marias.
Somos a chave do enigma sem o pedagogo,
Somos a boneca de trapos com a fome dos que não são imortais.
De peitos enchumaçados a pelúcia.
Somos fetos em caleidoscópios de alizarim, âmbar, ametista , fúchsia,
Gelo e fogo...
Duas coisas iguais a uma terceira,
Iguais entre si,
Somos rectas que se cruzam,
Didaquês desfolhados.

Dão-nos à escolha:
Vamos tomar o selo de Salomão ou a caixa de Pandora?
Transubstanciamo-nos?
Dão-nos outra escolha:
Presbítero ou diácono de Lúcifer?

Roleta de infinitas voltas.
Sinto-me Duce, Doge, Logóteta, voivoda,
Sua santidade, Sua Majestade Apostólica, Sua Majestade Imperial e Real,
Sua Majestade Fidelíssima, Sua Alteza Real, Sua Alteza Sereníssima…
Como estou enganada,
São tudo jogos de azar.
Dulia em sexta-feira treze.
Atira os meus dados,
Escolhe a cara ou a coroa.

Eu prefiro ouvir esclarmonde
Enquanto brinco ao esconde-esconde.
"Darkness cannot drive out darkness; only light can do that. Hate cannot drive out hate; only love can do that."
Templates by Morgana 13 LuasListenning to: Divine Heresy- Bleed the fifth

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Firmamentos de Cristal

A estrela de um silêncio que se expande
Nas horas de um corpo embalado em sonhos ausentes,
Cintilação de espelhos estilhaçados
Em verso de mágoa e lágrima derramada…
A estrela do infinito que nunca fui…

De mais alto que todos os esplendores,
Pingente de cristal embalado em leito de veludo negro,
Tem olhos de mais cores que os ecos da sedução
E é somente uma, sublime entre sublimes,
Mais uma estrela na minha constelação.

Mas ver-me-á, talvez, nos desertos da minha própria negrura,
Peregrina de uma fé que o silêncio consumiu,
Quando, no embalo do meu sonho, sou eu a estrela,
No sussurro enlevado de mais horas e mais séculos
Que todos os que me iludem na noite da imaginação.

A estrela…
A luz que faria resplandecer as sombras do meu corpo
No seu etéreo baile de cristal
E que me envolveria nas mais suaves memórias,
As melodias dos sonhos que mal acabaram de nascer.
A estrela do manto de seiscentos brilhantes
Que me envolveria no seu abraço imortal.

Mas estrela cega diante da infinita luz
Que fecha os olhos à minha promessa de redenção…