sexta-feira, 17 de abril de 2009

Estação das Sombras

Criada como uma insónia nas marés do desalento
Onde o fogo incendeia os cantos sob a sombra,
Dispersos no eco de um grito que pranteia a eternidade
Cantando a uma só voz…

O espelho planta a renúncia sobre as raízes de um corpo
Que se abre entre fragmentos de Santíssima Trindade
E as folhas tombam sobre os túmulos desertos
Como esqueletos vazios que divagassem entre a luz
E se quedassem como hinos na partitura do abismo.

A noite devaneia entre as dispersões do mínimo,
Mergulhada entre os oceanos do cosmos primordial,
E o gelo tomba nos braços da árvore desfalecida
Que invoca o grito nos espectros da bruma apagada
E transparece no ritmo das harmonias do caos.

E o fogo desata os corpos num requiem de deserdados,
Sinistra procissão de passos até às lágrimas do ser,
Como um sol que se rasgasse até às entranhas da obsessão
Errante debaixo dos véus de uma actriz martirizada
E plantada sobre a cova adormecida entre ninguém
E o abraço do absoluto num arco-íris cinzento.

Imolada à insaciável fome dos céus desertos
Em lágrimas de chuva banhando o sangue da terra.

sábado, 4 de abril de 2009

CLAVE











Barra final,
Marcaste o fim da minha composição.
Cesura entre nós os dois.
Convalescença de alma.
Tudo o que passou, tudo o que já foi transcrito
Perdeu o seu cordão umbilical.
O que é feito das vezes em que nadámos no Letes
Despreocupados do tempo que escumava,
Do tempo que nos tornava ingénuos?
Éramos sibilas,
Virgens,
Cupidos de flechas infrutuosas.
Passos enodoaram os caminhos,
O trinitariarismo descobriu-se sem pai, sem filho e sem espírito santo.
Sail away
Pequeno barco-fantasma,
Serreando num cerúleo profundo.
Sirena de canções hipnotizantes,
Vamos brincar à mímica,
Fazer de conta que não és apenas o meu amigo imaginário.
Adeus insurgido corvo,
Adeus frágil borboleta,
Adeus puerilidade,
Adeus quimera de utopia.
Fecharam-nos a todos na sala dos espelhos
E no entanto só a minha imagem se reflecte
Enquanto coarctamos e ofegamos por um pouco de ar.
*
Avelhentado piano,
Esquecida boneca de trapos,
Dado lançado ao abysmo,
Retrato sem cor,
Relógio sem corda.
Pedra, papel ou tesoura?
Somos todos górgonas destruídos pela própria imagem.
Lira e plectro,
Dançantes oressas,
Grinaldas e clavas,
Poetas,
Figuras veladas,
Hymnos,
Somos tudo e somos nada,
Somos passado, presente e futuro.
SOMOS E NÃO SOMOS.
Além bóreas,
O sol aquece-nos 24 horas por dia,
Lemúria reveste-se…
Dá cor ao ouro.
Voamos em espaço interestelar,
Aqui consegue-se tocar no éter
E lá em baixo tudo nos parece claro e simples.


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