sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Carla, a tecedeira de sonhos


Eu tinha de falar na minha cara amiga Carla que, para além da amizade que sinto por ela, sinto também uma enorme admiração pela obras (que são muito poucas lol) que ela tem feito nos últimos anos.
A Carla é a modos que o meu Dédalo, capaz de semear as asas mais prolixas e variegadas. Ler um livro da Carla é como que ganhar olhos caleidoscópicos, as cores deixam de ser simples, para passarem a ser as formas mais multimodais de âmbar, ametista, branco navajo, caqui, carmesim, esmeralda, fúchsia, índigo, jade, malva e rútilo. Somos capazes de metempsicoses, podemos ser uma Fénix de tons incandescentes, gárgulas que sacodem a pedra e descasulam as asas do seu sono empedernido, valquírias em busca dos seus guerreiros, sereias nadando até ao âmago do oceano, unicórnios correndo pelos trigais…
Herdeiros de Arasen é uma daquelas sagas que se lêem e relêem, como se as folhas estivessem revestidas de espelhos, podemos ver a nossa alma através dela. Desnudamos o coração, tornamo-lo um puzzle, mescla de sentimentos que não podemos controlar: alegria, tristeza, raiva, frustração, vitória, derrota. Como dizia Mário de Sá-Carneiro, no fundo todas as flores que se vão despetelando têm o mesmo âmago, e esses dois sentimentos que comandam a vida são o amor e o ódio.
Se nos desconstruirmos a nós próprios e recolarmos os pedaços, voltaremos a ser, de novo, toda essa mistura de amor e ódio.
Como descrevemos o amor? Como descrevemos o ódio? Como se descrevem os achaques permanentes que se têm na vida?
Nada melhor do que seguir a vida de Sirius Arasen, todo ele é, permitam-me que o diga, uma parte de nós, mas, mais abluída.
Imaginem um quadrado onde deveria estar um círculo, uma mentira que, mesmo contada mil vezes fica exactamente igual ou verdade, um coração fantasma no peito, um céu feito de flâmulas, anjos abraçando demónios, uma árvore do conhecimento do bem e do mal que murche para todo o sempre. É difícil? Então imaginem uma caixinha que contenha todos os mundos fantásticos, todas as personagens que gostaríamos de vestir, todos os sorrisos que gostaríamos de dar, todos os pares de olhos que gostaríamos de usar… Não gostariam de a abrir?
A Carla foi sem dúvida a pessoa com que tive mais prazer em trabalhar, não só porque é a escritora maravilhosa que conhecemos, mas também por ter sido e continuar a ser uma amiga sublime. Imaginem o que é ter como amiga uma tecedeira de sonhos! Eu respondo por mim: é espectacular. Vislumbrem então essa caixa-segredo que é a Carla, não se vão arrepender.
Ela é linda, inteligente e acima de tudo ele é a fácies do que todos os escritores deviam ser: o sonho na sua forma mais excelsa e humilde.
Deixo-vos algumas frases:
“ O silêncio não apagará o que aconteceu e a memória grita de agonia.
Recusar a verdade não a fará desaparecer”
“As almas que imperceptivelmente haviam preenchido o seu coração vazio”
“A mais universal linguagem do sofrimento: as lágrimas”
“A mágoa de tudo aquilo que sucedera consumiu-o por dentro, como um fantasma indesejado, mas que jamais poderia ser afastado”
“Deixa de tentar lutar contra o destino. Existem coisas que são inevitáveis (…) lembra-te dos bons momentos de vez em quando servir-te-ão de refúgio”
“Sê aquilo que o teu coração manda e voarás longe
“(…) e que a estrela da tua coragem brilhe sempre”
“Acreditai que daria todo o tempo que me resta de vida pela oportunidade de vos poder seguir”
“Temiam talvez, dar voz aos seus pensamentos mais negativos, para verificar depois que eles se tornavam reais ou até expressar as suas vagas esperanças, com medo que estas se tornassem vãs”
“A memória de quem foste, de como viveste e também de como e por quem morreste nunca será apagada. Voa longe Arasen.”
“Há sempre um futuro (…) e eu saberei sempre onde te encontrar”.
Toma lá o testamento Carlinha
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"I am at two with nature."
Listenning to: Die die my darling by Nemhain
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